sexta-feira, 25 de abril de 2014

Quem sou eu? II

Hoje Tomei a Decisão de Ser Eu...
Mas quem sou eu? Já fui bailarina, dançarina, fada, bruxa, amada e amante. Já fui chamada de meu amor, de meu terror. Já fui estudante, professora, educadora, formadora, instrutora, orientadora, supervisora, recebi tantos títulos... filha, irmã, tia, prima, namorada, esposa e ex esposa, cunhada,  nora, sogra e ultimamente madrasta que só aceito se for madrasta má, para ser bem dramático... Já fui chamada de maravilhosa, linda, esplendida, encantadora, sedutora, gentil, calma, tranquila, amável, carinhosa, grossa, chata, louca, esquizofrênica, insuportável ( este é o mais famoso). Recebi tantos outros adjetivos que a a boa educação não permite publicar. Mas quem sou eu?


"Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilizacão de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Génio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja; e meu Génio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser.
Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou.
Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.
O último rastro de influência dos outros no meu carácter cessou com isto. Reconheci — ao sentir que

podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de « lançar o Interseccionismo» — a tranquila posse de mim.
Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci."

Fernando Pessoa, 'Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação

Quero nascer das cinzas de mim mesma, quero voltar pro útero do mundo, quero uma segunda chance. Quero aprender a viver neste mundo que ainda não entendo. Como disse meu amigo Jessival, "corri atras de tudo que mandaram e não cheguei a nada" ou ao tudo. Só que este tudo me sufoca, não vejo a saída, a solução, uma mão estendida. As vezes me vejo ainda semente com tantas promessas e no mesmo instante vejo a curva do fim do caminho tão curto. Quero nascer...ver a Luz, ver a Alegria, a Vida assim como ela deve ser vivida,
plena como num eterno domingo de sol. Quero correr para para os braços do amor eterno e lá ficar até a próxima vida. Quero nascer água que contorna as pedras, que traz vida a terra fértil, quero correr docemente até chegar a imensidão do azul do Mar. Quero nascer vento, livre, solto, ora brisa ora furacão, sem amarras, sem regras, carregar as sementes que fecundam a terra, arrancar os excessos como tufão. Quero nascer Luz e iluminar os caminhos dos esquecidos, quero ser chão é alimentar a arvore da vida. Quero Paz em meu coração, quero um tempo para me ver, me sentir e descobrir quem sou.






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