Lembrei de quando era criança brincando nas tardes quentes de verão com bacias d'agua no quintal, correndo sem roupa. Nos banhos coletivos onde minha mãe ou minhas tias colocavam todas as crianças no banheiro, tomávamos banho em série, meninos e meninas sem distinção sendo esfregados e esfregando-se numa mistura de castigo e brincadeira, a bronca por estarmos tão sujos também era um carinho, um momento de atenção. Não me lembro quando os banhos coletivos acabaram, mas me lembro da vergonha de mostrar o corpo na adolescência, a vergonha de ser extremamente magra, quando todas as meninas já tinham suas formas arredondadas. Como é difícil encarar nosso corpo e o corpo alheio quando carregamos a herança social padronizada.
Quando perde-se a razão ou num ato de protesto é comum sair nú pelas ruas, mas nunca em sã consciência e com tranquilidade mostramos nosso corpo. No entanto quando amamos, nos entregamos a nudez sem pudor, ou será que fazemos isto por estarmos insanos de amor? Que bom seria se todos nós nos amassemos... loucamente!