sábado, 30 de julho de 2011

Fantasmas de Parede

Moro na mesma casa desde os 4 anos de idade... mudei paredes de lugar, abri portas, mudei as cores, as janelas, até mesmo a entrada da casa é não mais no mesmo lugar, da casa que eu morada não resta nem o número no portão, mas os fantasmas me assombram... Vejo nas paredes as sombras das antigas portas, ouço meu pai chegando do trabalho, seus passos pela escada que não existe mais, ouço os passos de minha mãe arrastando os seus chinelos preguiçosamente pela manhã. Me vejo criança escorregando no chão encerado, correndo encima do muro para pegar pipa. Em minha mente enlouquecida vejo meus irmãos ainda pequenos brincando no mesmo espaço que meus filhos... Filhos que  não brincam mais, que não correm mais para meus braços como antes, vivem suas vidas jovens cheias de sonhos, assim como um dia vivi a minha. Não sou mais que um fantasma que também vaga pela casa em minha própria lembrança...

domingo, 10 de julho de 2011

Quando eu voltar a ser criança

Apesar da psicologa que consultava dizer que minha infância não foi saudável afetivamente , adoro certas lembranças.O acordar de manhã com meu pai fazendo a café da manhã que mais parecia um almoço com direto a caldo de feijão, ovo mexido e depois ir empinar pipa no morro que hoje está cheio de prédios da Cohab... as pescarias... os abraços bem apertados para sentir as batidas do coração dele e sua pele macia; tios e tias juntos tomando chá e assistindo "Fantástico", momento importante a criançada tinha que fazer silêncio; os bolinhos de chuva da minha mãe, quentinhos cobertos de açúcar e canela nos dias de frio ou de chuva ouvindo as historias de quando ela era criança e morava duas ruas depois da nossa; e os cheiros então... aroma de almoço de domingo, macarrão e frango; o cheiro da minha vó, do meu pai, da rua de terra quando começava a chover, o cheiro do orvalho de manhã quando ia para a escola, hoje não tem mais orvalho nem geada... Ah! comer geada bem cedido escondido da mãe pra não ficar doente, se a mãe via adoecia; a chuva de paina da arvore do vizinho que deixava a mulherada doida de raiva de tanto varrer...
Mas o que mais me dá saudade são as mãos... a mão da professora do pré segurando a minha para conduzir a fila, a mão da minha mãe para atravessar a rua, a mão do meu pai para me levar para escola, a da tia para descer a escada do quintal...
E...Quando os anos chegarem, quando eu voltar a ser criança, quem segurará na minha mão?



quinta-feira, 7 de julho de 2011

Paixão, amor e sexo

"Um homem do passado te fará muito feliz" ( leitura de tarô em 2000)


Esta foi a única frase que ficou gravada da leitura de tarô que uma amiga fez para mim. Na ocasião  fiz uma varredura mental buscando quem seria este homem. listei todas as paixões platônicas e não platônicas que tive.
Lembrei da primeira paixão; eu estava na segunda serie, ele na terceira, nunca nos falamos, nunca soube seu nome, mas todos os dias me esperava no final do corredor que dava para o pátio da escola, quando eu passava me entregava um pacotinho de balas de goma e corria,  as vezes junto com as balas tinha um bilhetinho com versos.
Na horário da entrada e da saída nos olhávamos e sorriamos um para o outro e mentalmente marcávamos o encontro no corredor que parecia interminável. No intervalo quando o avistava meu coração disparava, meu estomago doía, não conseguia deixar de sorrir, na maioria das vezes eu nem comia as balas, as guardava. Em casa deitava na minha cama ficava olhando as gominhas coloridas, como fossem carinhos, afagos que recebia. Depois comia  uma por uma bem devagar, com tantos sentimentos que eu não entendia, mas adorava sentir.
Foi o homem mais romântico que conheci, talvez ele fosse assim por não ter mais de dez anos, espero que ainda saiba tratar uma mulher com tanta dedicação como me tratou...Quem sabe um dia nos encontraremos novamente nos corredores da vida.
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