quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Promessas de Amor

Tinha sete anos quando fiz uma grande descoberta: Os homens mentem.
Eu adorava assistir televisão deitada com meu pai, que classicamente foi meu primeiro amor. Numa destas tardes preguiçosas, estávamos assistindo televisão, quando ele se virou para mim e disse que se eu ajudasse minha mãe arrumando o meu quarto a semana inteira nós iriamos ao Zoológico no domingo. Vibrei com a ideia, durante toda semana me empenhei, limpei, arrumei, varri, tirei o pó, lembro do peso dos cobertores, tinha que subir na cama para poder dobra los, a cama também era enorme, o colchão de mola pesado machucava meus dedinhos quando com todo sacrifício esticava o lençol por debaixo dele, me esforcei numa tarefa difícil para uma pessoa tão pequena, tudo era muito grande até a vassoura era maior do que eu.
Até que enfim chegou domingo, dia ensolarado, acordei feliz, tudo estava perfeito, mas... na casa nenhum movimento diferente... café da manhã... depois minha mãe preparando o almoço... tudo na ordem rotineira e tranquila de todo domingo. Já estava quase na hora do almoço, quando cheguei até meu pai e com toda inocência perguntei se iriamos ao Zoológico depois do almoço, que me respondeu: Claro que não! O Zoológico era muito longe tinha sair cedo! Corri para meu quarto e chorei. Meu pai, para me consolar disse que havia esquecido da promessa, que não sabia que eu queria tanto ir, mas que iriamos no próximo domingo. Realmente nós fomos... quatro anos depois, sem promessas, sem agendamentos.
Ao longo das três décadas seguintes foram infindáveis as promessas não cumpridas que vivi, mas as que mais me ofenderam diziam: -Vamos envelhecer juntos! Talvez eu não saiba conviver para que estas promessas se cumpram ou talvez os homens tendem a prometer o que não podem cumprir naquele momento, assim como meu pai. Sei apenas que a cada promessa não cumprida meu coração trinca, eu tento remenda-lo com compreensão e paciência, mas a trinca está lá... latejante!
As vezes desejo viver sem promessas. Amar por amor simplesmente, respirar o hoje, o amanhã...? Será só amanhã!

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